Não quero que leiam isso...
... se for prá fazer um comentário do tipo "legal :)".
Primeira vez nesse blog (creio eu) que publico uma poesia minha.
Morrendo de medo, mas tenho bons leitores.

Amara (Passado mais-que-perfeito)

Amara desistiu,
Porque Amara estava cansada
Amara tivera
Tudo que quisera,
E mesmo assim nada
Lhe satisfizera.
Amara viveu,
Amara cresceu.
Amara estudou Artes
E Amara foi famosa;
Amara padeceu de cólera
E Amara era formosa...
E como era formosa... céus!

Amara deixou que o tempo
Fosse tempo
Amara deixou que os sonhos
Sonhos fossem
Embora,
Não havia notado que sonhos
Nada mais
São que sonhos
São que sonhos esses, Amara?
Amara dissera, certa vez:
"Melhor desfalecer de uma vez
do que morrer aos pouquinhos"
Amara não era fiapos,
Amara
Amara era forte,
Mas acabara
Com Amara, tudo era festa
Dançara
Chorara
Amara!
E como amara.

Amar acabou comigo,
Amara
Amara amarga
"A maré amarga,
pois
Amar é amargo"
Dissera Amara.
Traga ao fundo da alma
E depois cospe à costa de novo
Como se alguém quisesse voltar à aspereza da areia seca
Após haver provado o úmido embalar do (a)mar.

Amara
Amara antiga
Amara à antiga
Amara corajosa
(mente)
E encarara
Amarga solidão
E sólido desfecho

Amara
Armara
Atirara
Amara
À maré

E ali, dois dias depois
O amado corpo de Amara era comido pelas algas.
Triste fim, mas
Amara
Amara.