A saga de um apelido
ou
O egoísmo extremo de uma mente doentia


"Bel" é um apelido que anda muito em voga.
Quer dizer, até onde me lembro, há uns sete anos atrás ninguém era chamado de "Bel".
Isabel, Isabelle e Isabela eram sempre "Isa", pelo começo do nome, assim como Juliana é Ju, Carolina é Carol, Thais é Tha, Luciana é Lu.

Até eu, que sou uma rara "Bel" verdadeira (prá quem não sabe, meu nome é Belisa), nunca fui chamada de "Bel", minha família sempre me chamou de Bela. Minha irmã sempre me chamou de Belinha e na escola, me chamavam de Bê.

Aí eu fui pro internato, eu tava na oitava série (isso em 99).
E eu tinha uma vizinha nojentinha que estudava na minha sala. E ela que começou esse negócio de "Bel". No começo eu detestaaava. Ela tinha uma voz enjoada e falava um "ô Béeel" que me irritava. Mas aí a vizinha do 109 (dela eu gostava) também começou a me chamar de Bel. As meninas que moravam comigo também, aí daqui a pouco a sala inteira me chamava de Bel e, no meu segundo ano lá, tinha amigo meu que nem meu nome sabia, só conhecia por Bel. No máximo, arriscavam achar que meu nome era Isabel. Meus chefes da biblioteca me chamavam de Bel. Os pastores me chamavam de "irmã Bel", a regente do coral me chamava de Bel (e alguns amigos coloridos me chamavam de Bebel. que fofo), o garotinho americano me chamava de "sininho" (duh).
Quando minha mãe foi prá lá na festa de 15 anos da minha irmã mais velha e viu todo mundo me chamando de Bel -inclusive a minha irmã- ela adorou. Até mencionou que tinha uma Bebel num programa da Globo (era A Grande Família, acho).

O grande problema é que TODO mundo adorou -inclusive a Rede Globo, que resolveu colocar "Bel" como o apelido mais pop de todos os tempos. Só em Malhação tiveram umas 3 Bels e Bebels. Teve A Torre de Ba-Bel. Bebel a Bordo. Meu Bel, Meu Mal. Ali Ba-Bel e os 40 ladrões.

Como tudo isso reflete na -caham- sociedade juvenil, as Bel falsas começaram a surgir.
Tinha uma Isabele na minha sala, que a gente SEMPRE chamou de Isa. Aí começaram a chamar ela de "bel". Tinha uma Beatriz, que SEMPRE SEMPRE SEEEEMPRE foi Bia. Passou a ser Bel. Tinha uma Cibelle, que sempre foi "Ci". Virou Bel.
Hoje achei uma Gabriela no orkut. Gabriela SEMPRE foi Gabi. E sabe como tava o apelido dela?
"Gabriela (Bel)".

Porra, vai à merda.
Daqui a pouco existirão Jurema "Bel", Ana "Bel", Karina "Bel", e, não duvido nada, João "Bel", Carlos "Bel", Guilherme "Bel".

Lógico que esses serão os emos-que-adoram-apelido-de-bicha.

Depois que saí do internato, ainda fiz o terceiro ano num colégio normal. Na minha sala tinha uma -adivinha- Bel.
Aí ficaram duas Bel. A Bel "normal" e a Bel "do cabelinho vermelho" (adivnha qual das duas era eu).
O nome da Bel "normal" era Isabel. E eu sempre fiz questão de chamar ela de Isa.
Oras bolas. Bel só pode haver uma por quilômetro quadrado.
E que esse Bel venha do começo do nome. Imagina, começar a chamar Karina de Ina, Cinara de Ara, Rafaela de Ela... cruzes.

Agora, na minha turma de amigos aqui em Goiás tem outra Bel, a vocalista de uma banda. Mas ela é "Bell", com dois éles.
Lógico que só se vê a diferença na hora de escrever. Ainda não sei o nome verdadeiro dela, mas enquanto não descubro, me recuso a chamá-la de Bel.

Vou continuar chamando ela de "vaca nojenta e imunda ladra de apelidos".


_ouvindo... blah. isso é coisa de posers que tomam casquinha de baunilha_